detalhe do safári íntimo
Espião humilde.
Reforço ao caráter dos tão poucos que o vêem.
De vida fina e enrugada tranqüilidade.
Conduz e se deixa conduzir pela eternidade.
Vai aos pólos e não chega.
poucas flores sobrevivem à sua leveza
namora lento os prédios, as vielas e os penedos
e acha bom o degredo de trombar
tromba o inteiro do tempo
tromba a fantasia gerada na penúria,
a crença de que é boa tanta feiúra
É ímpio. É casto. É basto.
Silencioso
É o elefante
o espião da humanidade.
(Carla Diacov)
nasce um elefantinho que pequeno é para o resto de sua vida. Sua vida é a infância de todos os elefantinhos, depois a sua, como a que se desenha pelas costas pelos homens pequeninos. Um elefante grande está morto, uma grande memória infantil que infla, contorna e caminha, até esquecer-se. Portanto demora-se. O grande elefante demora. Esquece-se e se vai, anos póstumos, algures, a lugar nenhum,como os edifícios esquecidos pela auto-estrada, de corpos enormes, ao lugar nenhum. Nasce um elefantinho que pequeno será, solitário será, desprovido será, pelo resto da vida. O elefante pequeno tende a ser cria única, pródigo, de rodeado pelos grandes elefantes. Os elefantes grandes são os que estão mortos, umas memórias das infâncias, de todos os elefantes, dos desenhos pequeninos concebidos pelos homens. Então, os grandes elefantes são tolhidos pelo ar (este que impediu-nos de sermos eternos) enquanto que a auto-estrada se continua, e há demasiados elefantes e edifícios para o esquecimento.
Há em cavernas e grutas os elefantes desenhados à parede, perfilados, aparentes. Cavernas e grutas enormes estão mortas, estão repletas de elefantinhos. E a memória grande soerguida, infantil, até que a auto-estrada, a lugar nenhum.
Nelson G.